Nosso Lar Terreno

 Um pouco da história do CEBJ - Centro Espírita Bom Jesus
 
    Tudo começou no Natal dia 25 de dezembro de 1924. As atividades do Centro Espírita Bom Jesus, iniciaram com João Manoel Teixeira, mineiro de Taboleiro do Pomba, filho de Francisco de Paula Teixeira de Siqueira e Maria Rosa Teixeira. O apelido de Capitão Teixeira, com o qual se tornaria conhecido, veio por essa época, sem que haja uma justificativa para ele.
    Nessa época, não existindo hospital, os doentes eram colocados no isolamento, onde eram periodicamente visitados por Capitão Teixeira, além dos remédios que doava, a prece e a palavra de reconforto.
    Sua fama de homem bondoso e amigo se espalhou e dele contam muitas histórias como a de um louco que atado de pés e mãos no lombo de um burro, estava sendo escoltado à cadeia de onde seria mais tarde conduzido para o sanatório da Capital. Ao se deparar com o cortejo, o Capitão manda que os homens soltem o demente. Espantam-se mais obedecem à voz firme. O Capitão se aproxima do enfermo, toca sua cabeça, faz uma prece e consegue parar sua agitação, fazendo com que o acompanhasse à sua venda, onde lhe dá um café. Em seguida, ordena que retorne a seu lar, para junto de sua família.
    Outra história conhecida é a de um rapaz que perdera totalmente a voz. Procurando o Capitão, esse lhe pede que pronuncie uma única palavra "Deus". E após pronunciá-la recupera sua faculdade, instantâneamente.
    Depois da morte do Capitão Teixeira, o Centro Espírita Bom Jesus, acéfalo, passa por uma fase difícil. As pessoas imaturas ainda na vivência da Doutrina, necessitavam de uma liderança capaz de conduzi-las e agregá-las em torno das tarefas espíritas.
    Em 22 de maio de 1932, é reorganizada a Instituição que perde o seu nome de origem passando a se chamar “Sociedade Espírita Bom Jesus”, sob a direção de Pedro Lino da Silveira, que permite nesse momento a infiltração Roustainguista, por influência da Federação Espírita Brasileira.
    No ano seguinte, a Sociedade seria presidida por Augusto Saldanha, procedente da cidade de Campos. Já nessa diretoria surge o segundo secretário Joaquim Carneiro de Souza Machado, o Quinzinho Machado.
    Em 22 de maio de 1934 é eleito presidente da Instituição Joaquim Carneiro de Souza Machado. Sob sua influência já havia sido implantado no ano anterior, a Campanha do Natal dos Pobres.
    Em 04 de março de 1936, outro acontecimento decisivo: começa a funcionar a Escola, que mais tarde receberia o nome de João Soares, para atender às crianças pobres e analfabetas. Chega a apresentar mais de sessenta alunos, contando com a colaboração gratuita das professoras espíritas Aída e Aísa Saldanha.
    Era a semente para criação do Colégio que mais tarde se chamou Grupo Escolar Pereira Passos e hoje Colégio Estadual Gov. Roberto Silveira.
    Dois anos após a desencarnação de Quinzinho Machado, Luciano Costa é eleito presidente da “Sociedade Espírita Bom Jesus”, cargo que ocuparia por dez vezes, com algumas interrupções, até sua desencarnação em 1950.
    Período em que é consolidado o aspecto doutrinário, trazendo à baila, discussões sobre assuntos eminentemente espíritas, na imprensa ou na tribuna, com a afirmação definitiva da Codificação Kardequiana, como base insuperável e essencial da Doutrina Espírita.
    Em 20 de maio 1946, Luciano Costa reformula o Estatuto da Instituição, retirando dele o artigo que sugeria o estudo Roustainguista. E na mesma oportunidade, retoma o antigo nome "Centro Espírita Bom Jesus”.
    Apesar da competência doutrinária de Luciano, a liderança que exercia não conseguia unificar o movimento espírita, pois muitos divergiam de sua orientação e buscavam outras formas de vivência cristã, fenômeno muito comum ainda nos dias de hoje, quando muitos confrades procuram na atividade assistencial o fim último do Espiritismo. Na verdade,cometem um grande erro pois a atividade social é apenas um galho desse tronco que é a doutrina. Não se pode robustecer um galho, pois a árvore como um todo será prejudicada. A principal finalidade da doutrina é a transformação moral do ser humano.
    Luciano desencarna em 26 de junho de 1950.
    Aquela instituição histórica, detentora de grandes lutas espíritas em Bom Jesus não consegue prosseguir e em 1957, fecha suas portas. A biblioteca que possuía um grande acervo perde grande parte de suas obras e a sede acaba desabando. Um momento de muita dor para quem assistiu ao trabalho que durante longos anos ali se consolidou.
    A situação só se modificaria em 04 de junho de 1962, quando alguns companheiros do "Centro Espírita Bom Jesus”, reúnem na residência de Joaquim Moreira Mégre, o Coquinho e elegeu uma comissão presidida por esse confrade, tendo Jorge Teixeira Azevedo como secretário e Sebastião Ventura na tesouraria, visando o reerguimento da casa. Dentro de um mês, sob a supervisão de Leonídio Pedro Azevedo, encerram-se as obras de reconstrução da sede e no dia 7 de setembro de 1962, reinstala-se o "Centro Espírita Bom Jesus” em um novo salão ao lado do antigo que havia desabado.
    Em 12 de março de 1963, sob a presidência de Jorge Teixeira Azevedo é aprovado o novo estatuto e em 24 de novembro, fundam-se ao mesmo tempo, a Escola de Evangelho Luciano Costa e a Mocidade Espírita Bom Jesus.
    Os primeiros anos de reorganização da casa são marcados por muito entusiasmo, embora não tivessem a repercussão dos antigos tempos, pois o clima religioso havia se modificado instalando-se uma estrutura rígida e hostil ao Espiritismo.
    Revezam-se na direção da Instituição, os companheiros Jorge Teixeira Azevedo, Jonas Figueiredo, Joaquim Moreira Mégre e Sebastião Ventura. Em 1964, cria-se a Sopa dos Pobres, que funcionaria por pouco tempo.
    Em 1970 marca um período de divergência interna e algumas rivalidades que provocam uma estagnação no movimento. Afastam-se os companheiros Jonas Figueiredo, Sebastião Ventura, assumindo a presidência o companheiro Guido Silveira Xavier, que permanecera a frente da casa até 1975.
    O trabalho fica reduzido às reuniões doutrinárias com duas palestras semanais, às segundas e sextas-feiras e atividades esporádicas na área de assistência social, com distribuição de gêneros alimentícios, sobretudo por ocasião do Natal. O movimento espírita está isolado da comunidade.
    Em 1975, assume novamente a presidência Jorge Teixeira Azevedo. O período de estagnação duraria até maio de 1977, quando a casa numa reunião histórica da Assembléia Geral, consegue renovar totalmente o Conselho Superior, até ali ocupado por antigos companheiros com um longo passado,mas desvinculados das atividades atuais.
    Em 21 de agosto com a criação da Sopa da Fraternidade, dirigida às crianças pobres do Morro do Querosene com aulas de evangelização, esta atividade funcionou até março de 1980. Surge em 15 de novembro de 1976, o primeiro jornal do gênero na região “Saga Espírita” que circula por mais de um ano, trazendo artigos, entrevistas e assuntos de interesse doutrinário.
    Coube à criação da Creche “Tia Ângela” um grande papel na transformação do quadro. Fundada em 25 de novembro de 1977, seu nome é uma homenagem a jovem Ângela Azevedo, desencarnada precocemente. Sua manutenção era feita exclusivamente através de várias promoções como festa junina, barracas na festa de agosto, chás e almoços beneficentes.
    Em 07 de setembro seria inaugurada sua sede definitiva, contando com recursos exclusivos da comunidade, tendo à direção da construção, Leonídio Pedro Azevedo. Dava-se o reencontro do movimento espírita com a própria coletividade Bonjesuense.
    Em 22 de março de 1978, é criada a Obra do Berço com confecção de enxovais de recém-nascidos, para filhos de gestantes pobres. Estas recebem aulas de higiene, puericultura e preparação para o parto. Participaram da primeira costura: Maria do Carmo Azevedo, Mariza Patrão, Maria da Glória Silva Azevedo e Angelina Azevedo.
    Este ano marca também uma defecção do grupo, dele se retiraria Guido Silveira Xavier e em seguida Jorge Teixeira Azevedo. O primeiro eleito vice-presidente do centro, recusa o cargo.
    Esse episódio provocou um certo impasse no movimento por alguns meses.Graças a intervenção da Casa Espírita Cristã, de Vila Velha, iniciou-se um trabalho de orientação do grupo restante. Houve nesse período algumas visitas dos companheiros daquela casa, tendo sido recebidas inúmeras mensagens de desencarnados.
    A partir de 1978 surgem novos companheiros entre eles os irmãos Major, João e Francisco, João Francisco Rodrigues, Sigismundo Rezende Borges, a família Azevedo e pouco a pouco as atividades vão se transformando.
    Assume a presidência João Souza Silva , as reuniões de palestras, às sextas-feiras, são transformadas em estudo com adoção de técnicas de dinâmica de grupo, promovendo-se a sistematização dos estudos. Cria-se a Biblioteca Espírita “Raul Rezende Mégre” e a Livraria “Herculano Pires”.
    O "Centro Espírita Bom Jesus” passa a ser conhecido na Comunidade através dos trabalhos assistenciais e da divulgação doutrinária.
    Em 1980 assume a presidência do CEBJ, Eber Teixeira Figueiredo, formando assim uma diretoria colegiada e com departamentos de evangelização, departamento doutrinário, departamento de divulgação da doutrina espírita, departamento de promoção social.
    Em 1981 até 1982 é mantido o Jornal “O Norte Fluminense”, a coluna “Coordenada Espírita”, e, em 18/04/1985 é realizada a primeira feira do Livro Espírita , na Praça Governador Portella, provocando grande interesse na comunidade.
    Os primeiros anos da década de 80, devolvem bons momentos ao movimento espírita bonjesuense, que apresenta intensas iniciativas nos mais diversos setores da Seara Espírita, abrindo novas possibilidades de crescimento junto à comunidade com organização de vários eventos tais como apresentação de peças teatrais na localidade e em cidades circunsvizinhas , passeata objetivando a conservação do meio ambiente, atos ecumênicos por ocasião de algumas datas.
    Na década de 80 e 90, passam pela presidência Francisco Paula da Silva, Maria da Glória Silva Azevedo, Elza das Graças Azevedo.
    Neste período a casa encontra-se estruturada fisicamente, o objetivo maior no momento seria a divulgação da doutrina e a organização de grupos de estudos.
    Em 14 de dezembro de 1990, desencarna o companheiro Eber Teixeira de Figueiredo, deixando uma lacuna no movimento espírita, dado ao seu dinamismo e determinação em torno da doutrina.
    Como o centro funcionava com uma diretoria de colegiados não foi difícil dar continuidade ao trabalho anterior. Sendo o objetivo maior voltar às atenções para a pureza da doutrina e sua divulgação. Ainda na década de 90, o centro teve a grande oportunidade de contar com o apoio irrestrito do Centro Espírita Léon Denis, através da inestimável companheira e amiga Amália Silveira Cordeiro e sua equipe, que passou a assistir a casa com orientações quanto a formação de  grupos de estudo, grupos mediúnicos, curso de orientação mediúnica e passes, curso de autocura e encontros, dando a colaboração nas palestras. Foi criado a cantina do centro, e aos domingos após o curso de autocura o café da manhã fraterno, momento em que os trabalhadores se encontram.
    Hoje o centro atende na promoção social famílias carentes com doação de cestas básicas e evangelização, dando prioridade a idosos e crianças, visitas fraternas aos enfermos, visitas ao abrigo Padre Gabriel e implantação do culto no lar e a obra do berço.
    Ainda dando apoio doutrinário com palestras e estudos ao Grupo de Estudo Anália Franco (São José do Calçado), Sementinha de Jesus (Guaxindiba), Grupo de Estudo Joana de Angelis (Apiacá), apoio material para reconstrução do Centro de Santo Eduardo. O Centro é organizado com departamentos tendo cada um o seu coordenador com sua equipe de trabalhadores.
    Em setembro de 2009, inicia-se um pequeno trabalho nesta instituição com a Terceira Idade oferecendo palestras sobre saúde, qualidade de vida e assuntos atuais.
    Em 2010, firmamos parceria com o Instituto Federal Fluminense de Bom Jesus do Itabapoana/RJ, com a criação da Universidade Aberta da Terceira Idade, funcionando semanalmente, contando com a infraestrutura do Estabelecimento de Ensino sob a coordenação geral da Professora Mariza Noronha Patrão, juntamente com o apoio de direção, professores, funcionários e profissionais da comunidade com trabalho voluntário.
    Em 2011, a instituição passa por uma reforma e ampliação de salas, proporcionando melhoria no atendimento das pessoas que os procuram e trabalhadores da casa.
    Atualmente a instituição vem procurando cumprir com suas atividades, graças aos esforços dos companheiros embuídos do mesmo propósito em torno da doutrina.
    Em toda sua  existência muitos e muitos companheiros por aqui passaram dando a sua cota de contribuição, alguns se foram, outros aqui permanecem, colaborando incessantemente pela grandeza da doutrina.